Hollywood precisa de rafeiros
- LM
- 4 de mai. de 2020
- 2 min de leitura

Tenho passado grande parte desta quarentena a passear a minha cadela (sim, eu uso-a para passear quando me apetece e ela adora), e a ver filmes sobre cães. Foi desde o ‘Marley e Eu’, ao ‘Meu Amigo Enzo’ e ainda visitei um filme dos anos 90 com o John Travolta e um Dobermann Pinscher irresistível. Não o John, mas sim o Dobermann. E dou por mim a pensar na quantidade de filmes de Hollywood sobre esta relação profunda e estranha que temos com os nossos cães.
Quantas pessoas não se sentirão inspiradas a adotar um cão depois de ver um destes filmes?
A produção cultural, principalmente a cinematográfica, tem um impacto significativo nos nossos desejos, anseios e medos.
Por isso mesmo, entristece-me ver que os animais protagonistas nestas histórias são, regra geral, comprados. E são, regra geral, Golden Retrievers ou Labradores de cores claras. Ora qual é a mensagem subliminar aqui: os cães que valem a pena são de raça, são comprados e são branquinhos ou beges.
Considerando que tenho uma cadela rafeira, preta e adotada de um canil, e por ter contactado de perto com os dramas das associações de proteção animal, tenho um apelo. Façam filmes de amor por cães adotados e não comprados, façam filmes de amor por cães feios, cães idosos. Façam filmes de amor por cães reais.
John Grogan, o dono do Marley em ‘Marley e Eu’ diz com toda a razão: “A dog has no use for fancy cars, big homes, or designer clothes. A water logged stick will do just fine. A dog doesn't care if you're rich or poor, clever or dull, smart or dumb. Give him your heart and he'll give you his.” Se ele não se importa com o que nós temos, porque deveremos nós ter problemas com a sua idade, a cor do seu pelo, a sua aparência ou raça? Precisamos de filmes sobre rafeiros.
P.S: Se quiserem ver o filme dos anos 90 com o Dobermann, chama-se Eyes of an Angel.
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